Hoje dia as pessoas são adestradas para aceitar coisas quietas, como cordeiros indo para o abate, e isso é o praxe hoje em dia, mas tá quanto, até quando.
O politicamente correto passou a aceitar coisas que antes eram imorais como aceitáveis, e cada dia mais os pequenos "pegue pagues do mundo" como se fossem normais mais a cada dia um pequeno sapo a se engolir de coisas que passam a ser corriqueiras porém são pedrinhas que se acumulam no sapato das pessoas até que mais cedo ou tarde passam a ser mesmo sendo pequenas sozinhas mas juntas tornam nossa vida menos feliz ou até mesmo insuportáveis.
E isso gera muitas indignações, fugas da realidade, ou mesmo compensações distorcidas, por exemplo: O que tem pegar sem pedir...? Ninguém está vendo e o governos faz pior.
Poxa "o governo pior...", faz e quando as pessoas copiam o pensamento errado ai realmente é pior mesmo as pessoas se perdem e aí vira uma bola de neve...
O certo seria usar as regras éticas bíblicas, mas as pessoas sempre dizem, a mas é impossível nunca mentir nem nunca pensar coisas erradas, fazer isso ou aquilo, mas é mais fácil do que se imagina ou não, mas o princípio básico é, não faça aos outros o que você não quer que façam para você: não quer ser traído não traía, não quer que te minta, não minta, não quer ser roubado, não roube.
Ai sim se todos fizerem o pequeno esforço, isso vai aliviar em sequência a todos e conseqüentemente todos vão ficar melhor, mas como sempre nós estamos resumidos ao fazer o certo ou o fácil.
E se escolhermos sempre o fácil em vez do certo, só aumentaremos a bola de neve, e criaremos mais dificuldades a todos e as pessoas para nós mesmos e ai no fundo quando reclamamos das dificuldades da vida estamos reclamando de nós mesmos e não percebemos disso.
Mas escolhemos o fácil e quase sempre não percebemos que se em vez de colocar os pratos no balcão em vez de deixá-los na mesa, quem pode estar esperando para sentar com as mãos ocupadas pode ser a gente mesmo. e aí nos conformamos e vivemos como no texto abaixo, esperam que leiam e entendam o que ele quer dizer.
"Eu sei, mas não devia
Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.
A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.
A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.
Marina Colasanti (1972)"
Sim, então antes de culpar a mundo pelos nossos pequenos sofrimentos, devemos parar de gerar para pessoas a nossa volta pequenos sofrimentos, ai sim as coisas tende a mudar, de uma pessoa para a outra até que todos tenham de engolir menos sapos e ter mais espaço em suas vidas para ser felizes de verdade.
Até quando você vai se tolerar...?
Beijos e abraços,
Eduardo "Lord Fire" Castellini Dourado...